Verborragia demagógica, negligência a verdades científicas, indiferença para com quem efetivamente possa a vir ser prejudicado por medidas que são nada além de "jogo para a torcida", no jargão futebolísitco.
Pouco importa que o instituto seja anseio, também, dos conselhos profissionais de quase todas as atividades regulamentadas no Brasil, que o enxergam como mínima forma de, ao menos, avaliar quem pretenda obter habilitação para o seu exercício: o Presidente da República deseja o fim do exame de proficiência que a Ordem dos Advogados do Brasil aplica aos bacharéis em Direito que desejam tornar-se advogados e advogadas.
Não se preocupa Sua Excelência, pois não é problema seu, com a precarização do ensino do Direito difundido sem critério no território nacional, ao ponto de sua vulgarização que, ninguém duvida pois já sabe, viu e vê, é fator preponderante, quando não o único, responsável pelas reprovações dos candidatos frustrados. O problema é da cidadania, não dele.
Dá de ombros, o excelentíssimo, para o perigo de submeter a honra, a dignidade, a saúde, a vida, a liberdade e o patrimônio dos brasileiros a quem possa ter escapado de simplório filtro metodologicamente concebido, mesmo que fulminado um sem número de vezes anteriores à sua brilhante intervenção.
Não sabe o primeiro mandatário (ou finge não saber) que, na Venezuela, por exemplo, uma das primeiras medidas adotadas pelo governo que o continente repudia, e que, pasmem, ele mesmo ataca, na senda da fragilização democrática, foi o enfraquecimento contundente da instituição dos homens e mulheres da advocacia daquele país.
Pouco importa o rol de latentes e possíveis danos a que a população, por primeiro, depois a categoria, venha a sucumbir. O negócio é mostrar ao seu antigo eleitorado fluminense, a quem sempre prometeu acabar com o exame de Ordem, agora esparramado pelo país, quem é que (supostamente) grita mais alto. Aos olhos do presidente é belo promover a quem não tem mérito, não consegue sequer passar numa simulação, mas que, em seu entendimento, pode, sim, fazer frente às responsabilidades constitucionais que só à Advocacia foram atribuídas.
O ataque a uma provinha fácil, uma barbada se comparada com as dificuldades que se apresentam todos os dias aos homens e mulheres que combatem constantemente os abusos daqueles a quem teme a população em geral, não pode ser a bandeira de quem sustenta moralidade, decência e respeito a seus compatriotas.
O exame da OAB, que não é perfeito, eu sei, se não demonstra quem, à exaustão, é digno de exercer o ofício, ao menos faz ver a quem, definitivamente, não podem ser confiadas as missões vitais de advogados e advogadas.
Somos profissionais promotores da Justiça, testados e talhados pela filosofia do encontro antes mesmo do confronto, munidos da palavra e da legalidade para a promoção da paz social.Somos, portanto, forjados para o debate tanto quanto para o embate.
E sua excelência terá de nós, nesta sua empreitada, o que escolher dos nossos talentos.